quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Nunca viste água ferver?


"Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias... Nada se perde, tudo é ganho, repito, as bolhas continuam na água.”

Machado de Assis- Quincas Borba

Se gastássemos nosso tempo pensando no porquê de ‘aquela’ pessoa ter aparecido em nossa vida, no porquê de ter desaparecido, porquê nos deixou quando mais precisávamos ou no porquê de ter surgido quando mais precisávamos, raramente (sendo ainda muito otimista) chegaríamos a uma conclusão.
Se pararmos pra pensar, faz sentido, os humanos parecem essas bolhas, nunca sabemos quando saltarão a superfície, são incertos, inconstantes, não possuem regras de sincronismo, as vezes saltam por cima dos outros somente pensando no agora, no ‘calor do momento’, são involuntários, não sabem esperar e muitas vezes utilizam a palavra ‘instinto’ como fonte de fuga. A água onde as bolhas fervem, apesar de ser a mesma, se modifica, certas bolhas viram vapor e desaparecem, assim como a vida em dado momento evaporará, e você sabe quando isso pode acontecer? Que graça teria se alguém pudesse responder a essa questão?
As bolhas vão surgindo e constituindo essa água, o fato de elas desaparecerem não significa que nunca ali estiveram, podem deixar marcas, umas visíveis, outras camufladas, e outras esquecidas, não por vontade, orgulho ou soberba, mas porque a água também necessita do esquecimento para seguir seu fluxo.
Deve-se cuidado a inconstância das bolhas, cuidado para não achar que somos constituídos por elas esquecendo de nossas aparições a superfície, e por um outro lado, atentar-se ao fato de que assim como certas bolhas podem e deverão desaparecer, outras devem e permanecerão conosco até que o último vapor aconteça. Nunca saberemos o tempo que as bolhas nos acompanharão, embora algumas, como as constituídas por laços de sangue exalem quase cem por cento a certeza de perpetuidade. Então, resta-nos o encontro do equilíbrio, saber cuidar das bolhas sem perder o cuidado de si, mas com um cuidado ainda maior para não permanecer acima do recipiente a ferver sem tomar nenhuma decisão ou lutar para que bolhas permaneçam e outras evaporem...
O importante não é o tempo até que o último valor vá pelo ar, mas sim a sensação de que cada gota de cada bolha, seja ela passageira ou permanente, valeu a pena.
A verdade, é que por mais que se queira controlar a velocidade do vapor, a direção das bolhas, suas idas e vindas, sua intensidade ou sedentarismo, nunca teremos controle sobre nada, porque a água que as reveste é um mistério, e é isso que dá graça as relações que são estabelecidas aleatoria ou propositalmente ao longo desse fluxo, e seja ele longo ou curto, de todo jeito é vivo, de todo jeito é vida, depende de cada bolha, de mim, de você, de nós.

2 comentários:

Unknown disse...

Alguns trechos lembra algo que escrevi a poucos dias.. Se tivesse-mos algum contato diria que estamos em sintonia rsrsrs.
Se as pessoas entendessem essa mecânica das bolhas e como são efêmeras e captassem que na verdade tudo é água, ficaria mais fácil a vida.
Que bom que voltou moça.. Espero que não demore tanto o próximo post rsrsrsrs
Boa sexta

Moniketz disse...

Juliana Reis Faria...
Menina mulher... Pq não mulher?

Com uma cabeça dessas com a idade que tem, fica difícil de acreditar que não chegou aos 20 anos ainda...

Vou te falar que seus textos são bons, perfeitos e em sintonia, e refletem muito do que penso...

Cada dia mais sou sua fã pelo fato de saber idar com as coisas, entender o que muitas vezes a maioria não entende, e fazer posts maravilhosos como esse!

E vamo que vamo, posta mais aeeeee

Bjos lindona