terça-feira, 2 de março de 2010

Psicotestando-se


Quando me diziam que o curso de Psicologia era difícil, eu não imaginava que só no 4° Semestre enxergaria isso. É claro que eu já tive dificuldades com relação as matérias no decorrer do curso, afinal, reunir exatas, humanas e biológicas na mesma grade não é uma matéria das mais fáceis... Mas com muita cafeína, muitas noites mal dormidas, e esforço, cheguei até aqui conseguindo entender a matéria e sem nenhuma dependência.
O problema, é que eu não imaginava a dimensão que certos assuntos mencionados em aula poderiam alcançar, não só em meus colegas de turma, mas em mim também. Hoje, na aula de Fenomenologia, aconteceu uma coisa RARA, e eu até arrisco dizer INÉDITA... O 4°J sempre participativo ficou calado, ninguém manifestou sua opinião, sua visão, todos se atentaram ao que a professora falava.
Passei a aula inteira com aquele nó na garganta, chorando discretamente, o que ela falava me cutucava de uma maneira, me fazia pensar e recordar tantas coisas, que ao mesmo tempo que eu queria ouvir, por outro lado a minha vontade era de sair correndo. Fazer um curso, onde o estudo também é você é um desafio imenso, que inúmeras vezes questiono minha capacidade para tal.
Em um certo momento da aula, uma aluna diz:
-"Caramba, tomei uma surra!"
A professora chamou essa mesma aluna para fazer um exercício, e a mesma não conseguiu conter a emoção, e começou a chorar na frente da sala... Nesse momento, eu percebi que aquele nó não esteve só na minha garganta, que aquela surra não pertencia só a ela, e quando olhei para o lado, vários colegas também choravam, ou tentavam controlar as lágrimas para não escorrerem. A professora encerrou a aula antes do tempo, e disse que se alguém quisesse conversar com ela, estaria a disposição.
Eu nunca me esqueço de uma aula de psicanálise, onde um professor esclareceu uma dúvida minha e me perguntou:
-"Entendeu?"
E eu disse:
- "Sim"
E ele acrescentou:
- "Faz sentido?"
E eu respondi:
"São perguntas diferentes professor!"
Eu entendi perfeitamente o que ele respondeu, mas aquilo não fazia o mínimo sentido para mim.
Na aula de hoje, apesar da complexidade da matéria, eu a entendi, e não só entendi, como aquilo fez um sentido imenso para mim, e me fez subjetivar cada palavra da explicação...
E eu me deparei com mais um desafio dentro do curso:
Estudar coisas que tocarão em pontos desconhecidos em mim, que poderão me machucar, magoar, abrir os olhos, enfim, que causarão as mais variadas, intensas e supérfluas sensações.
E muitos outros desafios virão, e sinto que a dúvida de conseguir ou não é um desafio que me acompanhará sempre, ou pelo menos até o fim da graduação.