quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Não temos, somos!


A gente se angustia com o dia feio, com o trânsito que vai pegar até chegar no trabalho, com o cartão batido meia hora após o combinado, com a pilha de papéis que aguardam uma solução sob a mesa do escritório.
Se angustia em pensar no que comer no almoço, se angustia com o tempo que tem pra comer, com o sono que a comida vai dar, e com a hora de voltar ao trabalho.
Se angustia com o relógio que eterniza o horário de sair, com o trânsito que vai pegar pra ir pra casa, com as tarefas que tem que fazer até dormir, com o fato de dormir pouco por saber que amanhã virão mais e mais angustias.
Se angustia com a semana até que a sexta-feira chegue, se angustia com a sexta pensando do que fazer no final de semana, se angustia porque queria dormir mais no sábado e menos no domingo, se angustia com o domingo porque no dia seguinte a rotina angustiante está de volta.
Se angustia com as amizades querendo vê-las com mais frequência, se angustia com a família por não poder mais almoçar todos os domingos, se angustia com o amor com medo de perdê-lo, se angustia com o tempo que passa sem ser aproveitado, se angustia com a vida, que um dia terá fim!
Se angustia, angustia-se, e se angustia...

Porque somos angústia!
Seja quanto a finitude (Heidegger), seja quanto a liberdade (Sartre), SOMOS angústia!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Do amor...


Achei muito interessante esse texto que encontrei navegando entediada...
Consta como autoria de Paulinho Moska.


Não falo do amor romântico,
aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão,
paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida,
explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto,
formatado, inteiro, antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim,
que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído,
inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta?
O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
o amor será sempre o desconhecido,
a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido,
quer ser violado,
quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
e nós preferimos o leito de um rio,
com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha e
nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa,
como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
o amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor,
se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a Vida é feita.
Ou melhor, só se Vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Reflexões sobre leituras e aulas de fenomenologia...

Hey!
Sem querer te assustar, é você! Você mesmo...
Não existe ninguém que seja mais responsável por você do que você mesmo. Não existe um chefe para "aquilo que fazem de você", e convenhamos, é um máximo não ter culpa de nada e tornar a culpa alheia a nós.

Pensamentos que martelam em mim, as vezes o barulho parece que vai me surtar. Eu sou responsável pela fiscalização de minhas escolhas, em inspecionar se minhas atitudes me fazem feliz, se levam felicidade àqueles que amo, e meu Deus, que responsabilidade! A liberdade me sufoca! Minha existência sendo redundante é minha, me pertence, e tenho que pertencer a ela, é um dever, um trato ético comigo mesma. O que foge ao meu controle, fugiu, mas o que fica dessas fugas não está nas mãos dos outros, está em minhas mãos, em meus pés, em meus passos, em minhas AÇÕES...
E como é difícil mudar... Na teoria tudo é TÃO lindo!
O tempo vai te “padronizando”, você tem atitudes erradas, você percebe que suas atitudes são erradas, e incrivelmente, você age da mesma maneira... E cadê você, fiscal de ti quando precisas? "És livre", mas saiba a hora de deixar os ares e voltar a ti. Você precisa de você nesses momentos de repetições nada saudáveis.
Muda o que cutuca, transcenda, cuida de ti! Pois só assim, o cuidado será concretizado na mais bela instância do outro. A humildade é importante nesse processo, se for preciso procure ajuda, procure cuidado, PERMITA-SE a recebê-lo.
Você não sabe do seu tempo aqui, mas sabe que ele tem um fim. Assim como as coisas que nos circundam, viva plantando para o sempre, mas colha diariamente como se fosse a última colheita.
A morte já me encontrou uma vez, mas passou reto e levou daqui alguém que amava muito... Achei que não ia aguentar, eu quis vingar sua insensatez em levar um pedaço de mim, mas foi com o luto que me dei conta de que realmente, meu fim será encontrá-la para um passeio sem volta.
Então... Liberdade!
Será que todo mundo que diz ser livre sabe seu significado?

domingo, 1 de agosto de 2010

Era...


Era uma vez... Na verdade, era um tempo!
Era um tempo colorido, eram muitas cores, elas se misturavam constantemente, e muito raramente desapareciam... Elas estavam sempre a postos, a vida não as capturava como mais tarde viria a ser.
Mas, como designa a palavra TEMPO, ele foi passando, as cores se intensificavam, mudavam suas tonalidades, expandiam significados, e aos poucos, como óleo em água, passaram a não mesclar com a mesma constância e naturalidade de sempre. Após um tempo, era preciso uma "colher" para poder misturar as cores, e nem sempre essa colher era generosa... Mas isso faz parte da evolução das cores, evoluir nem sempre é indolor, aliás, quase nunca!
Mas o fato é que certas cores, embora separadas, embora colorindo em outros lugares, não precisam se esquecer de onde já pintaram, e mesmo que seus quadros não disponham mais de tempo, ou oportunidades para esse lugar, para a ‘mesclagem’ com outras cores afins, não significa que elas perderam sua essência. Com certeza, quando a "colher" puder ser utilizada ela será... E ao invés de julgar e atribuir porquês de a junção não ser constante, o ideal é aproveitar esses momentos únicos para que quadros lindos sejam formados, agora o que vale não é mais a "quantidade" de quadros, mas sim, o quão lindo pode ser cada um, mesmo que feito de mês em mês, semestre em semestre, ou até mesmo ano em ano... E assim sucessivamente!
É claro que seria lindo se pudéssemos pegar todas as cores que mais gostamos e juntar em um belo balde de tinta... Mas assim como o tempo passa, a "colher" vai exigindo novas prioridades, novas artes... E é completamente injusto tarjar essa "colher" de vilã, vilãs seremos nós cores, se não entendermos que as novas tendências podem ser tão ou mais belas que as anteriores, e que as anteriores não serão esquecidas mesmo com a junção escassa.

O tempo é o tempo, as cores as pessoas que encontramos, e a colher são as oportunidades ou obstáculos que a vida nos impõe.
E a vida é de cada um, cabe viver de cobranças nostálgicas, ou de coragem para encarar que as coisas mudam, que as pessoas devem mudar, e que as mudanças podem ser MUITO positivas além de completamente necessárias.
Ao invés de cobrar a pintura de suas cores favoritas, procure entender o que acontece ao redor delas, procure enxergar os belos tons que elas podem alcançar mesmo longe de você... Julgar uma cor pode desbotar e esgarçar o que de mais bonito existiu nas pinturas compartilhadas. Nobres são as cores que conseguem se dar conta de que o tempo passa, e que não é necessário mudar o gosto por certo tom, se entendermos que ele nem sempre estará perto de nós, e que nem sempre essa distância será de bom grado ou por esquecimento.

terça-feira, 20 de julho de 2010

"O que valeu a pena foi nossa cena não ter pressa pra passar..."


Se conselhos fossem bons, e eu pudesse te dar um, por mais clichê que ele seja, seria o de aproveitar ao máximo cada via que a felicidade te oferece. O tempo vai passando, e como em uma tv mal sintonizada que as vezes falha quebrando o colorido e mostrando o preto e branco, a vida vai exibindo outros lados...
Quantas vezes não escutamos que tudo pode passar, mas as amizades são eternas? Posso quebrar o colorido?
Pois é, não são.
As coisas mudam, passam, as pessoas então...
É claro que o objetivo é mesmo este, a eternidade, sempre a tal da eternidade, mas assim como os amores, “eternos enquanto duram”, assim são as amizades, são as fases, é a vida. O eterno é o que te impulsiona a fazer tudo valer a pena, é no eterno que encontramos mais motivos pra fazer com que haja um amanhã, com aquela felicidade, com aqueles momentos, com AQUELAS pessoas... Só devemos ter cuidado, para não transformar o eterno em sinônimo de depois, porque o fim de uma fase pode trazer tristeza, saudade, mas pior seria, se essas palavras estivessem acompanhadas do arrependimento.
Valeu! Valeu cada minuto, cada role furado, cada esfiha com vinho, cada risada, cada choro, cada “episódio”, cada briga, até a última onde tudo acabou valeu. Foi uma fase maravilhosa, uma união que eu jamais pensei encontrar em um conjunto tão grande de pessoas, é uma ferida que parece nunca fechar, mas, por outro lado, é um alívio indescritível de ter feito tudo, exatamente TUDO valer a pena. Com vocês, com cada um de vocês, particular e grupalmente vivi histórias que serão contadas pros meus netos, que estarão eternamente comigo se a minha memória continuar tão boa quanto é, e eu não me arrependo de nada, nem do que poderíamos ter vivido, muito menos do que vivemos.
Sei que alguns continuam firmes e fortes em meu caminho, e farei de tudo para que sempre estejam, mas, afinal, o que é o “para sempre” se não sobra de conseqüências de nossos atos, e de atos alheios? Quase tudo foge do nosso controle, então, o que resta além de fazer o agora mais intenso do que o depois?
Apesar de o coletivo não mais se repetir, e de algumas particularidades estarem distantes, cada um tem para o agora um pedaço de mim, e pode ou não levar a certeza de que quero todos bem, e felizes como sempre fomos, não quero o termo “Vítimas das consequências”, talvez “atores das consequências”, não é necessário apreender o que não faz mais sentido só pelo fato de aquilo durante muito tempo ter feito todo o sentido.
Foi como um sonho, lindo, forte, porém, finito, e não deixa de ser plausível só pelo fato de sua finitude.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

E quando você encontra um amor pra chamar de seu?


Será que você pode chamar de seu? Será que você deve chamar de seu? Será que alguém de fato pode ser de alguém?
Quando estou em seus braços, sinto como se nada mais importasse, dane-se o tempo que demorei pra te encontrar, dane-se que vai chover, que vai dar sol, dane-se! O que mais importa é cada parte do teu abraço que compartilhas comigo, cada gesto seu dizendo de diversas formas me amar, e como eu amo, como esse amor me invade...
É uma... coisa? Coisa, sei lá! É... inexplicável! Você me faz transitar entre as mais diversas e variadas sensações, em seus diferentes níveis... Do suave ao explosivo, do choro ao riso, da calma ao ciúme que parece até queimar, do medo de te perder a maior segurança do mundo de que uma vida não é o limite, do passado ao nosso FUTURO.
Eu quero sempre encontrar em teu olhar a segurança que perco quando estás longe, o medo que tenho de que seja bom demais como tem sido, a ansiedade de que algo tente recortar todos os laços que diariamente construímos até que chegássemos onde estamos... E a fita bem que pode ser infinita não é mesmo?
Como eu quero que seja infinita! Pensar em você, pensar em nós, implica em pensar e repensar uma vida inteira, é um amor tão grande, acredito que somos merecedores desse tempo inteiro. Temos que vivê-lo como se fosse até ontem, para que o infinito seja tecido suavemente sem que ele precise fugir de nós, e que caminhemos ao seu lado.
O que é o para sempre? Eu não sei, será que você sabe quando me diz que só quer se for pra sempre? O que eu sei, é que com você ao meu lado, eu o sinto cada vez mais próximo, o para sempre depois que nos conhecemos, me soa com uma familiaridade até então desconhecida.
Eu não sei o que é o amor, eu achava que sabia, mas hoje vi o quão idiota fui tentando entendê-lo! O que é o amor? Será que você sabe quando diz me amar? Será que você pode me explicar? Ou seus beijos, seus abraços, seus “bons dias”, “boas noites”, “Te amos” explicam? Ou será que não existe mesmo explicação?
Você me faz acordar todos os dias, não digo no levantar de cada manhã sonolenta, ou pela competição do “quem vai primeiro”, mas me faz acordar para mim mesma quando me perco, acorda meu coração quando penso que ele bate mais lentamente, acorda minha boca quando encontra meus lábios, acorda meu corpo quando dele se aproxima... Você me desperta, me inspira, me dá mais vida!
Não vou dizer que minha vida é você, que sem você eu não vivo, isso seria uma grande mentira! Mas, com certeza, minha vida não seria tão viva sem você, não seria tão linda sem você, pois você sabe como ninguém me fazer sentir o que cada sentimento bom pode alcançar, o que a VIDA pode alcançar e mais, nos alcançar.
E mesmo que não seja oportuno, o amor implica em um certo egoísmo, eu quero SIM, te chamar de meu, meu sorriso de cada dia, meu amigo, meu amor, meu namorado, meu futuro esposo, meu menino meu Homem,... Meu, meu...
Meu Wenis!

Sem saber explicar, mas aprendendo cada dia a sentir do fundo da minha alma, eu amo você!

segunda-feira, 7 de junho de 2010


“Tarde da noite, no silêncio ressonante que resta quando os clientes se foram, o terapeuta, bem no fundo de si mesmo, sente-se perseguido pelos resíduos dos paradoxos do dia. Ele busca desesperadamente respostas definidas. Não encontra nenhuma, pois esses são os paradoxos inerentes a psicoterapia. Eles existem, independente da orientação teórica do terapeuta. O cerne desses paradoxos é que, em um único ser humano, deve ser cuidadosamente integrada uma série de características humanas aparentemente conflitantes [...]”

E depois de ler esse texto, eu fiquei pensando, será que só os clientes deixam essas tantas indagações e somente nos terapeutas? Eu ainda não sou formada, não sou psicóloga e nem psicoterapeuta. Mas, imaginei inúmeras situações que pessoas que nem estudam psicologia devem, ou pelo menos deveriam passar no decorrer de suas vidas. Seria brilhante se todos os seres humanos tivessem curiosidade em conhecer verdadeiramente o ser humano, o ser humano como SER, pois quem sabe assim, a curiosidade de conhecer a si mesmo que está cada vez mais superficial e escassa pudesse florescer...

Seria extremamente utópico imaginar uma coisa aparentemente, e sei que só aparentemente tão simples?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Afinal de contas, o que é ser?


É estar? Agir? Permanecer?
O que é ser?
Eu sou ou estou?
Tu estás ou és?
Será que alguém de fato é? Ou será que todos estão?
O ser muda? Ou o que muda é o estar que todos tentam nomear de ser?
O que sou?
O que és?
A pessoa que se diz feliz, não tem direito a estar triste?
Ela é feliz e é triste, ou ora está feliz, ora triste?
O que posso afirmar ser?
O que podes afirmar seres?
Ser Humano?
Será que só?
O que sei é que só, ninguém pode ser...

terça-feira, 2 de março de 2010

Psicotestando-se


Quando me diziam que o curso de Psicologia era difícil, eu não imaginava que só no 4° Semestre enxergaria isso. É claro que eu já tive dificuldades com relação as matérias no decorrer do curso, afinal, reunir exatas, humanas e biológicas na mesma grade não é uma matéria das mais fáceis... Mas com muita cafeína, muitas noites mal dormidas, e esforço, cheguei até aqui conseguindo entender a matéria e sem nenhuma dependência.
O problema, é que eu não imaginava a dimensão que certos assuntos mencionados em aula poderiam alcançar, não só em meus colegas de turma, mas em mim também. Hoje, na aula de Fenomenologia, aconteceu uma coisa RARA, e eu até arrisco dizer INÉDITA... O 4°J sempre participativo ficou calado, ninguém manifestou sua opinião, sua visão, todos se atentaram ao que a professora falava.
Passei a aula inteira com aquele nó na garganta, chorando discretamente, o que ela falava me cutucava de uma maneira, me fazia pensar e recordar tantas coisas, que ao mesmo tempo que eu queria ouvir, por outro lado a minha vontade era de sair correndo. Fazer um curso, onde o estudo também é você é um desafio imenso, que inúmeras vezes questiono minha capacidade para tal.
Em um certo momento da aula, uma aluna diz:
-"Caramba, tomei uma surra!"
A professora chamou essa mesma aluna para fazer um exercício, e a mesma não conseguiu conter a emoção, e começou a chorar na frente da sala... Nesse momento, eu percebi que aquele nó não esteve só na minha garganta, que aquela surra não pertencia só a ela, e quando olhei para o lado, vários colegas também choravam, ou tentavam controlar as lágrimas para não escorrerem. A professora encerrou a aula antes do tempo, e disse que se alguém quisesse conversar com ela, estaria a disposição.
Eu nunca me esqueço de uma aula de psicanálise, onde um professor esclareceu uma dúvida minha e me perguntou:
-"Entendeu?"
E eu disse:
- "Sim"
E ele acrescentou:
- "Faz sentido?"
E eu respondi:
"São perguntas diferentes professor!"
Eu entendi perfeitamente o que ele respondeu, mas aquilo não fazia o mínimo sentido para mim.
Na aula de hoje, apesar da complexidade da matéria, eu a entendi, e não só entendi, como aquilo fez um sentido imenso para mim, e me fez subjetivar cada palavra da explicação...
E eu me deparei com mais um desafio dentro do curso:
Estudar coisas que tocarão em pontos desconhecidos em mim, que poderão me machucar, magoar, abrir os olhos, enfim, que causarão as mais variadas, intensas e supérfluas sensações.
E muitos outros desafios virão, e sinto que a dúvida de conseguir ou não é um desafio que me acompanhará sempre, ou pelo menos até o fim da graduação.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Apoca... Como se diz mesmo?


O mundo lá fora não perdoa a ninguém. A cada dia catástrofes espelham o que o Homem recusou-se a enxergar por toda a eternidade, relatam o mundo que todos preferiram não se preocupar, e pior, mostram a inutilidade do arrependimento que pôde inúmeras vezes ser evitado. Não há espaços para arrependimentos, não existe possibilidade de reverter cada beldade da natureza que foi menosprezada... O Homem terá de aceitar que máquinas, tecnologia, grandes cérebros mecânicos não reverterão conseqüências de suas mentes prepotentes.

Embora pertença a todos, o poder esteve nas mãos de poucos, um equívoco não só dos poucos, mas de todos que assim consentiram sem nada fazer. O mundo anda cada dia mais doido, famílias perderam a essência de seus laços, autoridades esqueceram-se de que governam um povo e não seus próprios interesses, a justiça expandiu seu significado no dicionário tornando-se “relativa”, os educadores não têm mais esperança... O mundo não tem esperança, o mundo perdeu o seu rumo.

Jovens não cogitam a idéia de maternidade e paternidade, temem por seus próprios futuros e não querem colocar mais um “número” no mundo para sofrer. Pois nada mais somos além de números de tragédias, “x” mortos ou feridos, “x” vítimas, “x” voluntários que se solidarizaram com “x” problemas que o mundo expande.

As placas tectônicas não terão piedade, os ventos raramente soprarão como leves brisas primaveris, as geleiras continuarão a derreter, Ursos Polares ironicamente se afogarão, espécies que evoluíram durante bilhões de anos serão extintas em um mísero intervalo, cidades acompanhadas de todos os sonhos utópicos serão tomadas pelas águas, não haverá um meio de esfriar o planeta, e se vidas nunca foram poupadas, agora o nunca será ainda mais cruel.

E agora mentes brilhantes? Qual grande invenção nos salvará?

Qual máquina será capaz de controlar a fúria que vocês subestimaram o poder?

Quantos bilhões generosos vocês exibirão com soluções?

Será a tecnologia tão extraordinária a ponto de criar um novo planeta?

Ou os incontáveis dólares investidos em pesquisas espaciais serão para nos levar para marte? Seria uma boa explicação para tanta lambança diante às pessoas que realmente necessitam de atenção.

Se o fim do mundo existe, eu não vejo hora mais propícia para citá-lo!
As marcas do Homem na natureza serão eternas, e não há nada que ele possa fazer para reverter a ponto de conseguir um possível perdão.

Mas quem poderia prever que o próprio “Ser racional” faria isto com o próprio lar?

“Mas pedimos calma! Não há motivo para pânico!”

“Medidas já estão sendo tomadas.”

“Uma conferência reunirá estudiosos e governantes para implantarem uma possível salvação.”

“Nosso partido promete investir em soluções eficazes para a salvação do planeta.”

Frases como estas tornaram-se comuns, tão comuns, que inúmeros “números” sentaram-se em seus respectivos sofás para exalarem um “É, tem que mudar mesmo.” Enquanto vedados e hipnotizados sob as cores da TV não conseguem enxergar que nada irá mudar, que assim continuará, e o pior, que 'os números' nada farão ou querem fazer.

Não se sinta sozinho mundo, pois seus discípulos estão perdidos assim como estás.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Start / continua...


Muitas pessoas me perguntam o ‘porquê’ de psicologia.
Eu percebi que no decorrer desses dois anos de curso aprendi alguns porquês, refleti outros, e mudei muitos...
Quando você quer entrar na faculdade e para pra refletir o que teoricamente vai ser sua profissão pro resto da vida, é muito importante ter em mente que assim como a vida muda, seus ideais também mudam, suas vontades, metas, seus medos, anseios, enfim, ainda bem que ninguém está livre da mudança, embora muitos acreditem que os dogmas são completamente internalizáveis, não se martirize por mudar sua escolha após determinado tempo de curso, isso pode acontecer, mesmo que você tenha entrado com a maior certeza do mundo.
E falando sobre isso eu descobri um dos inúmeros porquês da escolha pela Psicologia: A mudança dos Homens... Se eu não acreditasse nisso, provavelmente trocaria de curso, não faria o menor sentido olhar para uma pessoa e dizer que ela É de tal maneira, que ela SEMPRE vai ser assim, e que determinada ação deriva de sua personalidade imutável.
Duas palavras que me incomodam profundamente são comodismo e conformismo. Então, busquei nelas um outro grande porquê, ajudar as pessoas a enxergarem que determinadas condições muitas vezes se fortalecem porque estão conformadas e acomodadas, comodismo e conformismo não mudam o que incomoda, apenas acomodam ainda mais a tristeza e suas expansões, e dão uma força maior ao abominável dito popular: “Ta ruim mais ta bom”.
Aí vem outras questões, como escolha da área de atuação, escolha da linha e referencial teórico... Não sei, não estou nem na metade do curso, tenho muito tempo pra escolher, e quanto a linha, psicanálise, behaviorismo, fenomenologia, psicologia analítica, gestalt, enfim, todas, com visões diferentes, são direcionadas ao comum interesse da Psicologia: Buscar entender um pouco melhor o Homem e ajudá-lo com seus conflitos internos e externos, para mim ainda mais do que isso, ajudá-lo com esse entendimento, e tentar mostrar o que se pode mudar a partir dele .
Eu sinceramente acho essas dúvidas muito boas para a minha formação, porque talvez se eu entrasse com um objetivo específico, já com a escolha da área de atuação, não teria interesse em conhecer as tantas opções da minha profissão, e assim como observo em muitas pessoas que já entraram com essas idéias no curso, teria certos preconceitos com as áreas que não fossem de meu interesse, acredito que para escolher, devo conhecer MUITO bem o que vou abrir mão.
Eu ainda poderia citar outros porquês, minha paixão pelas pessoas (sem importância de idade, gênero, sexo, cor), minha vontade de ajudar, minha ansiedade em escutar, mas pra finalizar, um dos maiores porquês: O Respeito pelo outro.
O Respeito por aquele que sofre, mesmo que aquele sofrimento não represente nenhuma intensidade para mim, uma coisa que me marcou muito nesse pouco tempo de curso é que as vezes o mínimo para mim pode ser o máximo para o outro, e que eu não devo tirar nada de uma pessoa, por menor que essa coisa seja, se não tenho o que substituir no lugar, porque ‘o menor’ para mim, talvez seja tudo o que o outro tem.

[Continua, sempre.]

sábado, 30 de janeiro de 2010


A gente sempre busca o melhor em tudo, o melhor pra gente, o melhor pros outros, o melhor pra certas situações, o melhor pra você e pras pessoas que você gosta. Agora, o que fazer quando o melhor não depende só de você? Quando o melhor que você idealiza não é recíproco? Quando você quer deixar as coisas claras e o outro lado parece não dar a mínima e a indiferença prevalece?
NADA! Exatamente isso, não há nada a ser feito, assim como sempre buscamos o melhor, também sempre nos cansamos da falta de consideração, da sobra de individualidade, cansamos de virtudes desequilibradas e de pessoas voltadas sempre para o próprio umbigo que insistem na utopia de que o mundo gira ao redor de suas decepções, de seus problemas, de seus traumas e lamentações.
Não cabe a ninguém julgar a intensidade da dor alheia, mas cabe a cada um buscar o seu limite, saber até onde pode ir, saber até onde insistir e o momento certo de recuar, não por falta de coragem, mas por falta de abertura, por falta de reciprocidade ou simplesmente porque aquilo não faz mais parte de sua vida. Não devemos transformar o dom da insistência em ignorância, tentar ir até onde não se pode, e nem esperar a ilusão de um dia poder...
Reforme de uma vez por todas essa gramática que de várias maneiras tenta boicotar a felicidade. Se preciso, reformule a posição dessas vírgulas que te dão um nó na garganta por não saber o que pensar. Não é preciso saber a pontuação pra substituir a que foi mudada, mas busque uma que permita enxergar a realidade, mesmo que esta seja nua e crua.
De que valem vírgulas se postas em lugares errados, se tidas como fonte ilusória de algo que te aflige? Antes um ponto final do que essa impotência de locomoção.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Nunca viste água ferver?


"Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias... Nada se perde, tudo é ganho, repito, as bolhas continuam na água.”

Machado de Assis- Quincas Borba

Se gastássemos nosso tempo pensando no porquê de ‘aquela’ pessoa ter aparecido em nossa vida, no porquê de ter desaparecido, porquê nos deixou quando mais precisávamos ou no porquê de ter surgido quando mais precisávamos, raramente (sendo ainda muito otimista) chegaríamos a uma conclusão.
Se pararmos pra pensar, faz sentido, os humanos parecem essas bolhas, nunca sabemos quando saltarão a superfície, são incertos, inconstantes, não possuem regras de sincronismo, as vezes saltam por cima dos outros somente pensando no agora, no ‘calor do momento’, são involuntários, não sabem esperar e muitas vezes utilizam a palavra ‘instinto’ como fonte de fuga. A água onde as bolhas fervem, apesar de ser a mesma, se modifica, certas bolhas viram vapor e desaparecem, assim como a vida em dado momento evaporará, e você sabe quando isso pode acontecer? Que graça teria se alguém pudesse responder a essa questão?
As bolhas vão surgindo e constituindo essa água, o fato de elas desaparecerem não significa que nunca ali estiveram, podem deixar marcas, umas visíveis, outras camufladas, e outras esquecidas, não por vontade, orgulho ou soberba, mas porque a água também necessita do esquecimento para seguir seu fluxo.
Deve-se cuidado a inconstância das bolhas, cuidado para não achar que somos constituídos por elas esquecendo de nossas aparições a superfície, e por um outro lado, atentar-se ao fato de que assim como certas bolhas podem e deverão desaparecer, outras devem e permanecerão conosco até que o último vapor aconteça. Nunca saberemos o tempo que as bolhas nos acompanharão, embora algumas, como as constituídas por laços de sangue exalem quase cem por cento a certeza de perpetuidade. Então, resta-nos o encontro do equilíbrio, saber cuidar das bolhas sem perder o cuidado de si, mas com um cuidado ainda maior para não permanecer acima do recipiente a ferver sem tomar nenhuma decisão ou lutar para que bolhas permaneçam e outras evaporem...
O importante não é o tempo até que o último valor vá pelo ar, mas sim a sensação de que cada gota de cada bolha, seja ela passageira ou permanente, valeu a pena.
A verdade, é que por mais que se queira controlar a velocidade do vapor, a direção das bolhas, suas idas e vindas, sua intensidade ou sedentarismo, nunca teremos controle sobre nada, porque a água que as reveste é um mistério, e é isso que dá graça as relações que são estabelecidas aleatoria ou propositalmente ao longo desse fluxo, e seja ele longo ou curto, de todo jeito é vivo, de todo jeito é vida, depende de cada bolha, de mim, de você, de nós.