quarta-feira, 9 de julho de 2008

Amor?


“Não dá pra parar no tempo por uma pessoa que não faz com que as coisas andem...”

Que a sensação de ver o mundo parar na companhia de alguém não ofusque a necessidade de rotação e translação que muitas vezes ignoramos.

Ter alguém por perto é muito bom, alguém para compartilhar os sonhos, alguém pra dividir os mais variados estados que são compostos pelo dia a dia abdutor... Mas o amor muitas vezes é traiçoeiro, camufla, faz com que enxerguemos somente o que nos convém, ou ainda pior, cria um ideal que muitas vezes não existe.

Quantas vezes as coisas não vão bem, mas acomodamos, preferimos deixar ‘tudo como está’, e o pior, muitas vezes o está se transforma no esteve, mas nós insistimos em conjugar o verbo em um tempo inexistente. As constantes idealizações do amor são “Respeito, confiança, companheirismo, cumplicidade, fidelidade, etc.” Não vejo hora mais propícia para resgatar uma palavra raramente citada, raramente sentida, raramente procurada:

-Reciprocidade

O que aconteceu com os enamorados para esquecerem-te?

Se as pessoas procurassem em primeiro lugar a reciprocidade, as coisas seriam tão diferentes... Não existe amor sustentável sem reciprocidade, não existe fortificação, perpetuidade, as coisas não fazem sentido, é como olhar no espelho sem ver o reflexo.

Eu sinceramente busco a reciprocidade, eu quero entender essa tal de reciprocidade, e tenho uma triste confissão a fazer, temo que nunca tenha a sentido no quesito amor homem/ mulher. Mas pensando bem, só pude enxergar meus erros através dessa conclusão, por que sempre procuramos um amor avassalador como primeiro plano, ao invés de procurar algo recíproco para através do mesmo, construirmos todos os ideais reciprocamente?

Por que sempre entramos com pré-expectativas nos romances e não deixamos com que a conquista da reciprocidade seja sentida? Por que persistir em vontades opostas? Por que essa mania de brincar de mudar coisas imutáveis só para reverter um sentimento a nosso querer? Por que estar presa a uma pessoa que não acompanha o tempo, que nos ancora as margens de nós mesmos? Por que esquecer do amor próprio buscando o amor alheio?

Por que tantos porquês não são questionados por aqueles que tanto sofrem de amor?

Por que as pessoas não enxergam que o amor só pode fluir se ambas as partes se intensificarem?

Por que sem nos darmos conta, estamos em um cárcere por estarmos com alguém anacrônico?

Por que tornar um dom a insistência utópica que recusamo-nos a abstrair?

Por que não entendem de uma vez por todas que o amor não vale a pena se nada nos acrescenta e se não nos permite acrescentar?

Por que um livro, um caso de uma amiga da vizinha, o espelho do passado são mais importantes que os questionamentos?

Por que criar respostas fajutas a respeito de perguntas que muitas vezes nem sabemos formular, nem sabemos o que realmente queremos saber?

A partir de agora, nada mais me fascina que a idéia de reciprocidade! Espero eu, que esta não seja só mais uma expectativa tola sobre o amor. E tem mais, não vou gastar minha “água mole na pedra dura” na expectativa da pedra furar, eu cansei desse senso comum, eu cansei de criar dons maléficos, que me afastam absurdamente da realidade.

Não vou me prender a alguém que não me mostre nossas possibilidades, que não me passe segurança, que não corresponda a quaisquer sentimentos. Não posso mais suportar a idéia de ver o ponteiro rodar, a folha do calendário virar sem que nada evolua, progrida... Tudo muda nada permanece no mesmo lugar, a não ser aquilo que nunca dará em nada, e essas coisas francamente eu repudio, tudo bem que os aprendizados muitas vezes surgem da nossa insistência em vivenciar histórias que não nos pertencem, mas existem auto-aprendizados, aqueles que não precisamos vivenciar para serem entendidos.

“Não dá pra ficar parada no tempo por uma pessoa que não faz com que as coisas andem...”

Definitivamente, não dá!

4 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Aplausos para suas palavras e sua ideologia de amor, meu blog favorito já é o seu! E resumo meu comentário em uma só palavra onde evoca a alma do amor,como vc mesmo disse: reciprocidade!

Com certerza, Ju... "Não dá pra parar no tempo por uma pessoa que não faz com que as coisas andem...”

;D

Café Ocidental disse...

Digo que "Amor", mais que um fenômeno social, é algo ainda não compreendido por nós. Gostei de sua visão sobre os relacionamentos, mas acredito que, no mesmo parâmetro em que aparece a palavra "Amor", há também a perda da individualidade. Sabemos que é natural a busca do ser humano, assim como em outras espécies, por companhia, mas devemos também não nos deixar perder em outra pessoa. O Eu é a prioridade de um ser livre, mas tudo isso se perde quando dois Eus se fundem em um Nós, que é a real queda no paradoxo do querer ser livre.

Parabéns pela boa escrita e por pensar profundamente... não quero que encare isso como crítica, mas unicamente como opinião de alguém que se interessa pelo mesmo assunto.
Até a próxima visita

Atenciosamente: Leonardo Turaza (da Equipe Café Ocidental)

Unknown disse...

Adorei!!!
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